2012, um ano positivo para indústria e para o consumidor
— Mas quem pagou a conta foi o contribuinte: país abriu mão de bilhões de reais em renúncia fiscal
O socorro prestado pelo governo à indústria automobilística fez de 2012 um ano muito positivo para as multinacionais do setor. A redução do IPI para carros de 1001cc a 2000cc e a eliminação do imposto para carros até 1000cc, levaram a uma média diária de vendas 10% maior do que no ano passado e todos os recordes de vendas históricos foram derrubados: tanto os mensais (agosto registrou 405.627 unidades!) quanto os diários: foram 17.035 carros e comercias leves por dia em junho e 17.636 em agosto), fora as excepcionais vendas de dezembro. Nada mal para um setor que, ainda no primeiro semestre, já havia abandonado a estimativa de crescimento para o ano, que vai se encerrar, agora, com aumento de quase 10%.
Animado com a possibilidade de compraro carromais caro do mundo com um bom desconto, o consumidor foi às compras e o sucesso da empreitada levou o governo a prorrogar o benefício, estendendo a redução do IPI até o fim de outubro e em seguida para o resto do ano.
Mas a renúncia fiscal do IPI sobre a venda de automóveis custou caro ao governo.
Embora tenha reduzido o volume das remessas para as matrizes, a indústria automobilística continua sendo o setor industrial que mais manda lucro para fora. De janeiro a agosto as montadoras instaladas no Brasil remeteram para suas matrizes US$ 1,34 bilhão. No mesmo período do ano passado a remessa foi bem maior, US$ 4 bilhões, segundo o Banco Central.
A estratégia foi iniciada no ano passado, quando o governo reduziu o IPI. No total de 2011 e2012 a renúncia fiscal atingiu R$ 5,5 bilhões, segundo o Ministério da Fazenda.
Valeu a pena?
A manutenção do emprego, moeda de troca exigida pelo governo para a redução do IPI, foi garantida: em setembro do ano passado as fábricas empregavam 145.101 trabalhadores e um ano depois o número até cresceu: 148.063.
Mas a redução do preço chegou até o consumidor ou ficou pelo meio do caminho?
Estudo AutoInforme/Molicar mostrou que o Preço de Verdade do carro zero, isto é, o preço realmente praticado, teve uma queda de 5,6% após o benefício do governo. A comparação foi feita entre os preços praticados em maio e em setembro.
Trata-se da média entre todos os carros novos vendidos no Brasil, incluídos portanto os carros mais potentes, com motor acima de 2000cc, que não foram beneficiados com a redução do IPI.
As montadoras baixaram o preço oficial do carro, (preço de tabela), o que não significa que o preço praticado tenha caído na mesma proporção. Em muitos casos,o carrojá estava sendo vendido com desconto, portanto, o preço praticado não caiu os 10%, mas menos. Mesmo assim, tem muito carro com desconto até maior do que os 10% previstos, conforme você vê no gráfico.
Nem todas as concessionárias repassaram todo o desconto para o consumidor, ficando com parte dele. Ao admitir tal prática, um distribuidor explicou que as concessionárias aproveitaram para "recompor os lucros":
"As concessionárias estavam trabalhando no sufoco, com uma margem de vendas muito apertada. Com o desconto do IPI elas puderam recompor essa margem".
O Preço de Verdade do carro zero, isto é, o preço realmente praticado no mercado, vem caindo nos últimos anos, conforme estudo AutoInforme/Molicar. Em 2011 o preço médio dos carros e comerciais leves vendidos no Brasil caiu 0,14% e no primeiro semestre deste ano houve queda bem maior, de 3,76%.
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