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Marcas querem melhorar valor de revenda

Joel Leite

15/02/2017 16h06

Ao mesmo tempo em que revela os carros e as marcas que obtêm bom valor na hora da revenda, o Estudo de Depreciação da Agência Autoinforme, base da Certificação Maior Valor de Revenda, revela também os modelos que mais perdem valor após um ano de uso, o que prejudica a imagem da marca e afasta não apenas novos compradores, mas também os atuais proprietários, que eventualmente não manterão a fidelidade.

Chery_tiggo

São várias as razões que levam o consumidor a optar por outra marca na hora de trocar de carro, mas certamente o baixo valor de revenda é uma das principais delas, pois é decepcionante o mercado – e principalmente a concessionária da própria marca – desvalorizar o seu carro, quando não, rejeitá-lo, nem sequer o aceitando na troca por um modelo novo da mesma marca.

Na lista dos carros mais depreciados do mercado figuram alguns modelos de marcas bem posicionadas no ranking das bem valorizadas. Normalmente um carro que não foi muito bem aceito, pouco procurado no mercado de usados, com alto custo de revisão e de peças de reposição. Exemplos: Hyundai Elantra, BMW Série 3 e Nissan Frontier. O Elantra foi o mais desvalorizado dos três, com perda de 20,3% após um ano de uso. O Séria 3 perde 18,1% e a picape 16,9%. Freemont, Cherokee, Pajero TR4 e Tracker também tiveram depreciações expressivas no último Estudo de Depreciação, de 2016 (veja ranking).

Mas algumas marcas têm problemas crônicos de imagem no mercado de usados e consequentemente seus carros perdem muito o valor de revenda. Nada a ver com a qualidade do produto, mas com uma política inadequada de pós venda (ou de inexistência dela), de atendimento ao consumidor, de planejamento de revisões, preço de oficina e peças e, principalmente, valorização do usado na hora da troca por um novo.

JAC, Citroën e Chery, por exemplo, tiveram modelos classificados nas últimas posições entre os 131 carros considerados no Estudo, com índices de depreciação acima de 20%.

jac_j3_turin

O JAC J3 Turin perdeu 21,3% após um ano de uso; o Chery Tiggo 21,9%, o Citroën C4 Loung 20,1% e o C3 Picasso 22,2%.

c3-picasso

A necessidade de estar entre as marcas mais aceitas pelo consumidor está fazendo com que as empresas incrementem ações de pós venda.

A Citroën lançou um programa chamado Compromisso Citroën, que propõe as revisões programas aos seus clientes pelo preço de R$ 1 por dia e criou uma política de valorizar o carro usado da marca: um C4 Louge usado nas concessionárias da marca vale no mínimo 85% da cotação da Tabela Fipe.

A depreciação de um carro não tem a ver com a qualidade do produto ou com o valor atribuído pelo consumidor a aspectos técnicos. Dirigentes da Citroën reconhecem que os modelos da marca perdem valor residual, embora os carros sejam valorizados em relação a design, tecnologia e conforto. É uma questão de imagem. Veja o carro C3 e do Aircross. São carros muito parecidos, dividem a mesma plataforma, sistemas e peças, e no entanto têm um índice de depreciação muito diferente: enquanto o C3 registrou perda de apenas 11,4% do preço no último Estudo de Depreciação Autoinforme, o Aircross perdeu 18,6%.

Outra marca que não tem boa valorização na hora da revenda, a JAC tem um programa de pós venda para melhorar a imagem junto ao consumidor. Recentemente lançou um programa de revisões gratuitas de 50 e 100 mil quilômetros, com o objetivo de dar tranquilidade ao dono do carro mesmo em longo período.

O consumidor que seguir corretamente o plano de manutenção programada (três, 20, 30 e 40 mil km) ganha a revisão de 50 mil. Também as revisões de 100 mil, 150 mil e 200 mil não terão custo.

Com essa medida, a empresa sinaliza ao mercado que acredita da longa durabilidade dos seus carros e chama o consumidor a apostar nisso.

A proposta de apostar na longevidade dos produtos é levada também pela assessoria de imprensa da marca, que, de forma inédita, disponibiliza para a imprensa especializada carros usados da frota da empresa para teste de direção.

Já a Chery está preparando ações de pós venda para o próximo período, adaptando-se à nova realidade, que tem como base a redução de 50% na rede de revendas em 2017.

Os 20 carros que mais perdem valor

1) Citroën C3 Picasso            -22,2%

2) Chery Tiggo                       -21,9%

3) JAC J3 Turin                      -21,1%

4) Hyundai Elantra                -20,3%

5) Citroën C4 Lounge                        -20,1%

6) Chevrolet Cobalt               -19,1%

7) Chery Celer sedã               -18,9%

8) Citroën Aircross                 -18,6%

9) BMW Série 5                     -18,1%

10) Hyundai Grand Santafe  -17,6%

Fonte: Autoinforme (Selo Maior Valor de Revenda 2016

Quinzena fraca indica um fevereiro sofrível

Com apenas 60 mil carros, a primeira quinzena de fevereiro registrou um dos piores desempenhos do setor dos últimos tempos. Fevereiro já é um mês curto, de 28 dias corridos. acrescente-se a isso os feriados de Carnaval e o fraco fluxo nas lojas, o resultado deverá ser mais uma daqueles "pior mês dos últimos x anos".

Só dá Ônix

Líder em 2016 e em janeiro de 2017, o Onix fechou a quinzena também em primeiro no ranking por modelo. A novidade é a Toro em sexto lugar e a Saveiro na frente da Strada.

Mais barato, seminovo é a opção também em 2017

Ainda sem confiança na economia, consumidor continua apostando no carro seminovo: o segmento começou o ano com crescimento de 34,5% (dados de janeiro), enquanto as vendas de novos continuam caindo. O consumidor está certo: o seminovo é a uma boa opção do ponto de vista financeiro: só precisa ficar espeto pra não comprar um carro com problema.

Joel Silveira Leite

Joel Silveira Leite é jornalista e pós graduado em Semiótica e Meio Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme, responde pelos sites AutoInforme e EcoInforme. Apresenta o Boletim AutoInforme nas rádios Bandeirantes, Band News e Sulamérica Trânsito. É colunista em várias publicações.

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