Estimulo e dúvidas levam o consumidor às compras
Joel Leite
18/12/2013 17h03
— A indústria estimula e o governo esconde o jogo: na incerteza, o consumidor vai às compras e garante recorde em dezembro.
— Em apenas um dia – nesta terça-feira – foram vendidas quase 20 mil unidades
— Veja as dicas para você fazer um bom negócio
O consumidor sempre tem um bom motivo pra comprar carro no último mês do ano. Além dos aspectos tradicionais, como o reforço do décimo terceiro salário e o prazer de entrar o Ano Novo de carro novo, a indústria e o governo adicionam mais ingredientes que estimulam o consumo.
Da parte da indústria – e também das redes de revendas – há boas oportunidades: condições especiais de financiamento, juros abaixo do mercado, ofertas. Já o governo faz o consumidor ir às compras por causa da sua indefinição. O que esperar para 1º de janeiro de 2014? Airbag e ABS serão obrigatórios? O preço do carro vai subir por causa disso? E o IPI, vai voltar? Integralmente ou parcialmente?
Os números revelam que está havendo uma corrida às concessionárias nos últimos dias. Só nesta terça-feira foram vendidas quase 20 mil unidades de carros e comerciais leves, bem acima da média de vendas diárias no ano, que é de 14 mil carros. O recorde de vendas em 2013 já está garantido. Dezembro deve fechar com mais de 350 mil unidades (o recorde atual, de julho, é de 323 mil unidades), mas dificilmente baterá o recorde histórico, de 405,6 mil carros em agosto do ano passado.
Por que fazer o consumidor passar por essa dúvida, esse sufoco, e por causa disso muitas vezes fazer uma mau negócio por tomar uma decisão precipitada?
O governo e a indústria acham que isso vai fazer aumentar as vendas de carros? Quanto muito pode fazer o consumidor antecipar a compra, mas é óbvio que o sujeito que comprar carro hoje, pressionado pela dúvida sobre o que vem pela frente, não vai comprar outro carro em janeiro ou fevereiro. Ele está apenas antecipando a compra.
Medidas para aumentar o consumo precisam ser melhor elaboradas, mais sustentáveis, um projeto a longo prazo.
Essa conversinha de esconder do consumidor se vai ou não aumentar o IPI só serve pra confundir o mercado e, repito, levar o consumidor a fazer uma compra precipitada.
Mas se você, consumidor, estiver disposto a comprar mesmo diante de tantas dúvidas, vão aqui algumas dicas para fazer um bom negócio:
Pesquisa – Acredite: os preços variam muito de concessionária para concessionária e até entre duas lojas do mesmo grupo.
O preço cobrado do cliente varia dependendo da negociação da concessionária com a montadora; do tempo que o estoque está parado na loja; da necessidade ou não que os funcionários têm em bater a meta de vendas naquele mês. São razões subjetivas, que a gente não tem o controle, mas que podem fazer a diferença no preço final.
A diferença pode chegar a 10% de um lugar para outro.
Com ou sem airbag? – Vale a pena comprar com os equipamentos de segurança que serão obrigatórios no ano que vem (acho). Isso porque, daqui dois ou três anos, quando você vai revender o seu carro , ele será desvalorizado por não ter os equipamentos.
Modelo 2014 – Cheque, na hora da compra, se o modelo do carro é 2014. Algumas marcas ainda têm algumas unidades de modelo 2013 nos pátios. É roubada. Ele vai valer bem menos na hora da revenda. Exija modelo 2014.
Joel Silveira Leite
Joel Silveira Leite é jornalista e pós graduado em Semiótica e Meio Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme, responde pelos sites AutoInforme e EcoInforme. Apresenta o Boletim AutoInforme nas rádios Bandeirantes, Band News e Sulamérica Trânsito. É colunista em várias publicações.
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