Exoesqueleto melhora a vida dos operários da Fiat
Joel Leite
06/08/2018 16h25
Equipamento evita o estresse provocado pelo desconforto nas operações na parte de baixo do carro na linha de montagem
Certa vez a Honda resolveu um problema de ergonomia na sua fábrica de Manaus contratando um anão para fazer a montagem da parte de baixo da moto, tarefa que deixava desconfortável os funcionários de estatura tida como "normal".
Todas as alternativas são válidas quando se trata de melhorar as condições de trabalho aos operários das linhas de montagem, evitando o estresse provocado pelo desconforto do corpo. O anão da Honda certamente teve o seu papel em determinado momento e situação, mas, claro, a indústria busca alternativas sólidas e a FCA foi buscar em experiência que remonta a II Guerra uma forma de facilitar o trabalho de seus funcionários da linha de montagem da Fiat em Betim.
Focada na proposta de reduzir o estresse e oferecer as melhores condições ergonômicas aos operadores, a empresa introduziu o exoesqueleto, um equipamento já utilizado em operações no campo de batalha, graças à sua capacidade de deslocamento com uma carga de mais de 90 kg; o exoesqueleto é também usado na área da medicina, como substituto da cadeira de rodas ou de apoio e solução para mobilidade de pessoas com limitações, uma vez que ele é controlado pelo sistema nervoso.
Na indústria, sua função é melhorar o conforto do trabalhador, evitando estresse na coluna, no tronco, nos membros inferiores e na cintura.
Trata-se de um tipo de esqueleto externo (veja nas fotos), que se prende no operador, com pernas, cintura e braços, e que se move de acordo com os movimentos feitos pelo trabalhador. Ao agachar, o esqueleto sustenta a pessoa, que fica numa posição sentada, relaxando o corpo nas operações na parte de baixo do carro na linha de montagem.
A fábrica da Fiat em Betim foi a primeira na América Latina a implantar o exoesqueleto. São 14 conjuntos, divididos em três categorias (coluna lombar, ombros e membros inferiores), em uso nas linhas de produção, com o objetivo de reduzir o esforço muscular e melhorar a condição ergonômica dos operadores da manufatura.
Eu experimentei o exoesqueleto na fábrica. É de fácil adaptação, o equipamento é leve e não necessita treinamento especial. Segundo os operários que o usam, em questão de dias a pessoa está totalmente adaptada e o resultado é excepcional: as dores lombares diminuem, o trabalhador chega no fim do dia "inteiro".
O equipamento acompanha os movimentos do funcionário com total sincronismo e quando você agacha tem a impressão de estar sentado numa cadeira, tamanho é o conforto.
A FCA mantém também exoesqueletos nas fábricas de motores de Campo Largo, no Paraná e na fábrica de Córdoba, na Argentina.
Joel Silveira Leite
Joel Silveira Leite é jornalista e pós graduado em Semiótica e Meio Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme, responde pelos sites AutoInforme e EcoInforme. Apresenta o Boletim AutoInforme nas rádios Bandeirantes, Band News e Sulamérica Trânsito. É colunista em várias publicações.
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