Topo

Histórico

O Mundo em Movimento

Lombada irregular, crime contra o carro e o meio ambiente

Joel Leite

25/12/2013 07h44

— Obstáculo prejudica o projeto dos veículos, aumenta o consumo e a poluição e deseduca o motorista.

lombada irregular

A lombada tal como existe no Brasil surgiu nos anos 1980 em Curitiba e de lá para cá proliferou pelo País, prejudicando os veículos e seus proprietários e dando uma falsa sensação de segurança aos pedestres.

É principalmente por causa das lombadas irregulares que os carros trazidos para o Brasil precisam sofrer o processo de "tropicalização", isto é, a adaptação do sistema de rodagem do carro para as nossas ruas. As lombadas, muito mais do que os buracos no asfalto, é que determina as mudanças feitas pela tropicalização.

As mudanças técnicas incluem o aumento da altura de rodagem em média 20 mm maior em relação ao projeto original, acarretando aumento da área frontal, portanto aumento da resistência aerodinâmica, que tem como consequência o aumento do consumo de combustível e a deterioração da estabilidade.

Ao passar pela lombada o motorista precisa reduzir a velocidade e logo em seguida retomar a aceleração, o que acarreta num aumento desnecessário do consumo de combustível e de emissões de gases poluentes, além de aumentar o desgaste de freios, pneus, transmissão e suspensão. Dados do engenheiro Gabriel Murgel Branco, ex-diretor técnico da Cetesb dão conta de que 30% das emissões de monóxido de carbono pelos veículos na capital paulista são resultado direto das lombadas.

"O obstáculo impacta também na segurança no usuário, principalmente do motociclista, que pode ser envolvido num acidente sério se o veículo estiver em alta velocidade", destaca o engenheiro e jornalista Bob Sharp. Isso sem contar que as lombadas são colocadas de forma irregular, a pedido do morador ou do comerciante, sem que se leve em conta as necessidades reais do obstáculo.

As dimensões da lombada são regulamentadas pelo Contran, mas são raras as que estão dentro da lei. Há dois tipos de lombadas, a longa, para velocidade de 30 km/h (três metros de largura por 10 cm de altura); e a curta, para velocidade de 20 km/h (1,5 metro de largura por 8 cm de altura). Com essas medidas, lombadas são ondulações (nome correto pelo Contran, ondulações transversais) e não os verdadeiros obstáculos que se vê nas ruas.

Para aliviar o estresse do motorista, que, em alguns casos, passam horas ultrapassando lombadas nas ruas e estradas, as fábricas fazem a transmissão mais reduzida, o que leva a um aumento de consumo de combustível e desconforto em alta velocidades.

Do ponto de vista social, a lombada é deseducadora, uma vez que a redução da velocidade onde é necessário deveria ser estimulada pela sinalização ao usuário e, em caso de desobediência, a aplicação da sanção. A existência da lombada elimina a noção de responsabilidade do motorista.

Bob Sharp – um ferrenho crítico das lombadas – considera o sistema é um elemento viário antinatural:

"Imagine uma lombada na via férrea, no mar ou no rio, no ar, visando fazer os veículos reduzirem velocidade", provoca.

Joel Silveira Leite

Joel Silveira Leite é jornalista e pós graduado em Semiótica e Meio Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme, responde pelos sites AutoInforme e EcoInforme. Apresenta o Boletim AutoInforme nas rádios Bandeirantes, Band News e Sulamérica Trânsito. É colunista em várias publicações.

O Mundo em Movimento

O blog O Mundo em Movimento tem a pretensão de falar sobre vários assuntos, além do mundo do automóvel, aventurando-se a discutir política, economia, mídia, sociedade, meio ambiente, gastronomia e postando artigos de terceiros que julgar interessantes.