Restrição ao crédito não é responsável pela queda de vendas

Para Abeifa, o mercado se retrai porque o consumidor perdeu a confiança no futuro e preferiu comprar TV para ver a Copa.

As vendas no mercado automobilístico estão em queda e a expectativa é que o Brasil não cresça como nos últimos três anos. Mesmo assim, não deve perder o 4º lugar no ranking mundial para a Alemanha. Essa análise parece ter a unanimidade dos atores do mercado, mas os dirigentes discordam sobre as razões da queda de vendas.

Sérgio Habib, vice-presidente da Abeifa (a associação que agora é também de fabricantes, além de importadores) discorda da Anfavea, que culpa a restrição ao crédito pelas dificuldades vividas pelo setor.

Habib garante que a liberação de crédito no País está igual há um ano e meio atrás e que não é isso que está atrapalhando as vendas.

Ele cita três pontos chaves que podem explicar essa queda: o primeiro é a Copa do Mundo, que vai gerar feriados extras e imprevisíveis.

Outro dado citado por Sérgio Habib é que os brasileiros estão ansiosos com o início dos jogos e passaram a comprar mais aparelhos de TV, com preço médio de R$ 1,5 mil. "A prestação da TV pode comprometer a renda e assim ele adia a compra do carro", disse

Ele complementa o seu raciocínio sobre a queda nas vendas, falando sobre a confiança no futuro do brasileiro. Segundo dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas, o índice de confiança no futuro caiu 0,8%, isto é, no médio prazo o consumidor brasileiro não se vê estabilizado no trabalho ou ganhando aumento salarial, com isso ele não se arrisca a fazer dívidas para dois anos ou mais.

Nesta terça-feira (13) a Abeifa divulgou os números de vendas em abril das suas 29 associadas. Foram vendidos 7.739 carros e comerciais leves, gerando um crescimento de 3,7% em relação a março passado.

Mas a comparação com o mesmo período de 2013, mostra que o setor enfrenta dificuldades. Houve uma queda de 29%, em abril do ano passado foram emplacados 10.903 veículos, contra os 7.739 deste ano.

Esclarecendo a dificuldade das 29 marcas associadas a Abeifa, a entidade esperava atingir as 120 mil unidades emplacadas em 2014, superando os 111 mil do ano passado. Mas após um quadrimestre muito ruim, os dirigentes já revisaram a previsão para este ano e concordam que, se conseguirem atingir os números de 2013, já estará bom.

Caio Bednarski