Para Habib, mercado só se recupera em 2019
– JAC confirma fábrica e vai produzir o pequeno T3 na Bahia
Sérgio Habib, presidente da JAC, faz uma projeção dramática do mercado de carros nos próximos anos. Ele acha que a previsão da Anfavea, de queda de 10% é muito otimista. Prevê uma redução de 18% nas vendas, isso na melhor das hipóteses. Mais do que isso: acha que o Brasil não vai recuperar o nível de 3,5 milhões de carros nos próximos quatro anos. Isso só deve acontecer, segundo ele, em 2019, porque há o menor sinal de que as vendas vão voltar a crescer 10%, 12% nos próximos anos.
"2015 deve fechar com 2,7 milhões de unidades, 1,1 milhão carros a menos que o volume registrado em 2012 quando o País bateu o recorde de vendas. Ora, para se aproximar desse volume seria preciso um crescimento de 10% nos próximos três anos e não há nenhuma razão para que o País tenha um surto de confiança, o que seria necessário para um crescimento desse tamanho", disse o empresário.
Ele acha que o mercado pode crescer 2%, 3% no ano que vem, não mais do que isso, porque nada indica uma mudança nos rumos na economia.
Para justificar as suas previsões ele lembra da última queda de vendas ocorrida no final da década de 1990: "O Brasil demorou oito anos para retomar o volume de vendas ocorrido em 1997, de 1.943.458 unidades. Entre 1998 e 2005 as vendas ficaram perto de 1,5 milhão de unidades, só 2006 é que voltamos a vender 1,9 milhão de carros!".
Ele avalia que essa retração nas vendas vai provocar uma reação em cadeia:
"A rede de concessionárias do Brasil está montada para vender quatro mil carros, que era a previsão para 2015 de muitos analistas. O que vai acontecer? Claro que haverá fechamento de revendas".
O dirigente fez essa análise do mercado durante o lançamento do T6, o décimo sexto lançamento da empresa em quatro anos de mercado. O T6 é um utilitário esportivo médio, com um potente motor 2.0 de 160 cavalos (álcool) e que vai concorrer no segmento que mais cresce no Brasil e o que recebe mais novidades.
Para Sérgio Habib, o utilitário esportivo deverá ter um mercado de mais de 350 mil carros este ano. Ele quer apenas 1% com o T6, cuja expectativa é vem der 3.6 mil unidades até o fim do ano. O carro é maior que os concorrentes diretos, que são o Ecosport, o Tucson e o Duster, mas concorre também com os demais modelos do segmento que foram lançados nos últimos dias: HR-V, Renegade e 2008. Como diferencial o T6 oferece: kit multimídia com tela de sete polegadas sensível ao toque, com entrada HDMI, USB e bluetooth, câmera de ré, direção elétrica, rodas aro 17, garantia de seis anos e muitos outros itens.
T3 será "brasileiro" em 2016
Com apenas 0,5% das vendas no Brasil, a JAC depende da produção local para se recuperar e aumentar a participação no mercado.
Depois do golpe dado pelo governo que aumentou em 25% o IPI para carros importados, a JAC se readequou, fechou 27 concessionárias (ela tinha 65) e adiou a construção da fábrica na Bahia, que agora está prevista para meados de 2016. Esperando o financiamento do governo baiano.
O primeiro JAC a ser feito no Brasil já está definido: será o T3, um jipinho pra concorrer no segmento de entrada e que a partir do ano que vem começa a ser importado na China, sendo substituído pelo "brasileiro" no ano seguinte.
Para Sérgio Habib, o adiamento da fábrica acabou colocando a empresa numa boa situação.
"A pior coisa seria iniciar a operação industrial num momento como esse, com, queda de vendas e dólar alto", disse o dirigente.
A fábrica vai entrar em operação exatamente quando o mercado, segundo Habib, começar a dar os primeiros sinais de recuperação.
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