A cidade vai virar um shopping
Sistema de indicação de vagas de estacionamento nas ruas reduz fraudes e emissões e aumenta a mobilidade
De quem foi essa ideia iluminada de sinalizar os estacionamentos dos shoppings com luzes indicando vagas livres (verdes) e ocupadas (vermelhas)? Seja quem for, tem minha admiração: já não sofro tanto quando tenho que acompanhar alguém no centro de compra, pois não desperdiço preciosos minutos procurando lugar pra parar.
Só por essa facilidade, a implantação dessa tecnologia já estaria justificada, mas as luzinhas indicativas de vagas têm uma contribuição muito maior para a mobilidade, a eficiência energética e o meio ambiente. Num shopping com mil vagas de estacionamento, a economia de combustível gerada pela diminuição do vai e vem, do para e anda procurando vaga, leva a uma redução de emissão de 643 toneladas de CO2 por ano, o que, de quebra, melhora o ar aspirado pelos visitantes, reduz o tempo de permanência no local, incentiva as pessoas a irem ao shopping e diminui o estresse do motorista.
Se o sistema é tão bom, por que não implantá-lo nas ruas da cidade? Pois ele já funciona em Águas de São Pedro, cidade modelo não apenas em saúde, com sua vocação de cura pelas águas termais, mas também em mobilidade e sustentabilidade. Na verdade, um modelo de cidade inteligente.
O menor município do Brasil quase quadruplica a população aos fins de semana e assim os turistas entram em contato com essa experiência inédita no Brasil (Cascais e Agda, em Portugal, também desfrutam do sistema), implantada pela Smart Motion, empresa portuguesa de segurança, iluminação e sonorização responsável pela instalação de sinalizadores nos estacionamentos do Shopping Iguatemi de Campinas e do aeroporto de Guarulhos.
O sistema de sinalização de vagas na rua é semelhante ao dos shoppings, com um pequeno holofote de led instalado no asfalto, de forma que quem vem rodando à procura de uma vaga tem ampla visão das vagas ocupadas e das vagas livres. Alimentados por placas solares, os sinalizadores são facilmente instalados, já que não há fiação e não precisam de manutenção, pois são desprovidos de baterias. Através de um aplicativo no celular, o motorista sabe quantas vagas estão disponíveis na rua e é levado diretamente à vaga mais próxima de onde deseja ir com o tempo exato que vai levar para chegar, evitando rodar à toa procurando lugar para estacionar.
Na falta de vagas na rua, o aplicativo indica estacionamentos privados na região, assim como o preço cobrado de cada um. O sistema permite portanto que a pessoa até altere a sua programação caso não haja possibilidade de estacionamento. Nesse sentido, é um importante instrumento também para a efetivação de uma mobilidade sustentável, tornando mais racional o uso do automóvel.
O custo de implantação do sistema não é barato, mas a eficiência é tão grande que o investimento é pago em questão de meses numa operação como para a cidade de São Paulo. Quem faz as contas é Paulo Lourador, diretor da Smart Motion:
"A Zona Azul de São Paulo conta hoje com 40 mil vagas nas ruas, funcionando dez horas por dia e uma ocupação de 70%. Isso significa que deveria faturar R$ 1,4 milhão por dia, mas na verdade fatura R$ 1,4 milhão por mês. A fraude é grande. Aplicando a tecnologia de aviso de vagas a fraude cairia para 10%, o número de fiscais poderia ser reduzido em 80%".
Segundo o executivo, o investimento de R$ 1,2 mil por ponto seria pago em três meses devido a eficiência do controle, sendo que o aumento do faturamento seria apenas uma das vantagens da implantação do sistema. As outras são uma mobilidade mais racional, com a redução do tempo gasto do motorista para aos deslocamentos na cidade, e drástica redução das emissões de poluentes, que é agravada pelo para e anda à procura de vaga.
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