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Energia elétrica pode salvar o carro da culpa pela poluição

Joel Leite

27/07/2012 10h04

Em tempos de ações ambientalmente corretas, a indústria automobilística investe na eletricidade como energia propulsora dos motores dos seus veículos e da sua redenção enquanto um dos setores que mais poluem o meio ambiente.

Sem saber exatamente no que vai resultar esse investimento, as montadoras são impulsionadas a buscar alternativas para que os produtos que fabricam tenham um impacto menos agressivo ao meio ambiente. Por isso é que, nos últimos tempos, todas as grandes exposições internacionais destacam as novidades na mobilidade elétrica, sendo que algumas empresas já iniciam a construção em série de modelos chamados plug-in, carros 100% elétricos, que necessitam de abastecimento de energia elétrica para alimentar a bateria que impulsiona o motor.

Maso carropode ser parcialmente elétrico, como os híbridos – que funcionam com um motor a combustão e outro a eletricidade. Os híbridos já estão no mercado há muitos anos e vendendoem grande quantidade. O ToyotaPrius é o seu maior ícone. Lançado em 1997 no Japão,o carrojá vendeu nesses 15 anos mais de dois milhões de unidades em 70 países. Os Honda Insite e CRZ, o Fusion, o Mercedes-Benz S400 e a Série 7 da BMW também são exemplos de híbridos em plena venda, sendo que os três últimos estão disponíveis no Brasil.

O motorelétrico, como se sabe, proporciona uma arrancada muito mais agressiva do que o motora combustão, pois fornece de imediato a totalidade do torque. Por isso, o motorelétrico dos híbridos é acionado logo na partida, poupando o uso da gasolina. O motora combustão tem melhor desempenho na estrada, em condição de dirigibilidade mais regular, portanto os dois motores se revezam na propulsão do carro a todo instante. O mais interessante do híbrido é que o motorelétrico é carregado automaticamente nas desacelerações e nas freadas (além da tomada na corrente de energia). Quanto mais você frear o carro, maior a carga da bateria. Isso quer dizer que na cidade, andando no para e anda do trânsito, a bateria do motor elétrico tem uma autonomia muito maior do que andando na estrada, exatamente ao contrário do que ocorre com o motora combustão.
Outro uso da eletricidade é o sistema para e anda, que desligao motor quandoo carro para no farol ou no trânsito.O motor é acionado novamente ao menor movimento do motorista, seja tirando o pé do pedal do freio, seja pisando no pedal do acelerador. Além de economizar combustível, o sistema para e anda elimina a emissão de poluentes justamente nos pontos nevrálgicos da cidade, onde os carros, parados, expelem toneladas de CO2 pelo escapamento, ampliando a incidência de doenças e mortes de pessoas por problemas respiratórios.

Elétrico mesmo, daqueles que você liga na tomada, por enquanto somente o Leaf roda no Brasil. No caso, "roda" não é no sentido literal, pois as duas unidades compradas pela prefeitura de São Paulo junto à Nissan, que serão usada como táxi da avenida paulista à Rua da Consolação, ainda não foram autorizadas a rodar pela matriz japonesa. Mas os carros já foram comprados pela prefeitura e estão prontos pra andar.

Outros 100% elétricos estão chegando. A BMW já anunciou que o i3 estará à venda no Brasil em 2014.O carroé o i3, o elétrico definitivo que a marca alemã vai produzir em série e vender em todo o mundo a partir do ano que vem. O i3 tem a bateria distribuída sob o chassi, o que permite o total aproveitamento do espaço interno do carro para passageiros e bagagem. O objetivo da montadora com ele é mostrar queo carroelétrico é mais do que uma solução para a redução da poluição, é uma solução para o bolso do motorista: o custo do uso do i3 está calculado em E$6,00 acada100 quilômetrosrodados.

A Renault já comercializa na Europa três modelos elétricos, o Fluece ZE, o Kangoo ZE e o Twyze, numa operação ousada e moderna em Lisboa, onde há pontos de abastecimento em toda a cidade e também unidades onde os carros trocam a bateria descarregada por outra abastecida, num sistema que o motorista comprao carroa um preço de carro comum e paga uma taxa mensal pelo uso da bateria.

Segundo a empresa, não há a menor chance de algo semelhante ser implantado no Brasil sem uma política de incentivo do governo e uma estrutura urbana de postos de abastecimento. Hojeo carroelétrico está classificado no Brasil na categoria de "outros", quer dizer: ele paga os mais altos impostos. E não há o mais tênue sinal de conversas entre fabricantes e governo no caminho de uma solução para o problema.

Enquanto isso, o sistema ganha espaço e evolui no mundo. A Toyota desenvolveu recentemente um sistema chamado V2H (Vehicle to Home), que permite compartilhar a energia do carro elétrico com a casa onde está sendo carregado.O carroé carregado na tomada de casa e, em caso de necessidade (uma queda de energia)o carropode fornecer energia para a casa: a bateria do Prius atende uma casa por quatro dias.

O futuro do carro elétrico ainda é duvidoso, mas a indústria automobilística tem se esforçado para oferecer soluções que vão de encontro às exigências da sociedade moderna em relação à busca de soluções sustentáveis. Na lista das empresas mais verdes do mundo em 2012, divulgada no mês passado pela Interbrand, a maior consultoria de marcas do mundo, as empresas do setor têm amplo destaque, sendo a Toyota a líder do ranking.

O ranking mostrou também que, das dez marcas mais verdes do mundo, quatro são montadoras de veículos (Honda, Volkswagen, BMW, além da Toyota), o que indica uma preocupação do setor em relação ao desenvolvimento de tecnologias mais amigáveis ao meio ambiente.

Por consciência ou pressão do mercado, isso não importa. O fato é que, apesar do mundo ter ainda muito petróleo pra queimar,o carrocom emissão zero avança e indica um futuro mais saudável, pelo menos para a sociedade desenvolvida.

Matéria publicada originalmente na revista da ADVB

Joel Silveira Leite

Joel Silveira Leite é jornalista e pós graduado em Semiótica e Meio Ambiente. Diretor da Agência AutoInforme, responde pelos sites AutoInforme e EcoInforme. Apresenta o Boletim AutoInforme nas rádios Bandeirantes, Band News e Sulamérica Trânsito. É colunista em várias publicações.

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