Boas escolas ajudariam a melhorar o trânsito
Numa de minhas visitas a Cuba notei, em Havana, que a criançada ia para a escola a pé: tanto os meninos de três, quatro anos de idade da pré escola, quanto os marmanjos do Terceiro Grau.
Mas se o estudante morar longe, quem é que vai levá-lo na escola? O governo oferece transporte escolar para todos? Perguntei a uma mulher que caminhava com uma criança. Ela estranhou a pergunta:
– Como assim, estudar longe?
– Assim: você mora num bairro e o seu filho estuda em outro – expliquei. Ela riu, incrédula:
– Se eu moro neste bairro o meu filho vai estudar aqui mesmo, na escola mais próxima. Por que iria para uma escola em outro local?
Isso tem sentido para um país em que a educação é pública, de boa qualidade e padronizada. No Brasil, onde a classe média foge da rede pública buscando oferecer aos filhos um ensino de melhor qualidade, o baixo investimento em educação reflete diretamente no trânsito.
Muita gente atravessa a cidade de uma ponta à outra para deixar o filho na escola, dali vai para o trabalho e no fim das aulas refaz a rotina. Os carros particulares e as peruas escolares aumentam o volume de veículos transitando pelas ruas, desperdiçando combustível, poluindo o ar e transformando a cidade num inferno.
Os números registrados pelo CET no trânsito em São Paulo indicam uma queda em torno de 20% no número total de viagens realizadas nos principais corredores de tráfego durante as férias escolares.
A primeira semana de junho registrou a média de 122 km de lentidão no pico da manhã (7h às 10h). No mesmo período de julho, já nas férias escolares, a lentidão foi reduzida para 48 km, uma redução de 61%.
No entre pico (10h às 17h), a diferença foi de 54% e no horário de pico da tarde (17h às 20h) a redução foi de 17%.
No pico da tarde a redução foi menor: caiu de 157 km na primeira semana de junho para 130 km na primeira semana de julho. Segundo a CET, as pessoas vão ao trabalho em horários diferenciados, havendo uma diluição do tráfego ao longo da manhã. Já no retorno para casa todos saem no mesmo horário, ocorrendo maior adensamento de veículos nas ruas.
Portanto, a melhoria da qualidade da educação não atende apenas a necessidade do País em formar melhor as nossas crianças. De quebra, atenua o grave problema do trânsito nas grandes cidades.
Veja nos gráficos o aumento da lentidão no trânsito provocada pelos períodos de aulas
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