Fabricantes querem um Brasil exportador

— Novo presidente da Anfavea quer cinco milhões no mercado interno, um milhão no exterior e o País no "top five" da produção mundial.

O novo presidente da Anfavea, Luiz Moan, que tomou posse nesta segunda-feira, quer marcar o seu mandato com a retomada das exportações; para isso vai buscar junto ao governo uma nova política de incentivo, o que chamou de Exportar Auto, em referência ao programa Inovar Auto, que determina aos fabricantes uma série de exigências para que o carro tenha maior índice de peças locais e redução de consumo.

O objetivo é fazer o Brasil voltar a ser uma plataforma de exportações, como já foi: em 2005, 30% da produção era vendida no exterior, cerca de 900 mil veículos. Em 2012 foram exportados apenas 420 mil carros completos.

O presidente da associação dos fabricantes quer que as montadoras exportem um milhão de unidades até 2016 e acredita que o cumprimento dessa meta vai estimular toda a cadeia automotiva, porque incrementa a venda de matéria prima, equipamentos e autopeças.

Luiz Moan traçou outras estimativas otimistas.

– Cinco milhões de carros nos próximos anos (não determinou exatamente quando). Num recado aos pessimistas, lembrou que o mercado brasileiro cresceu 166% nos últimos nove anos.

– Crescimento da produção: disse que não adianta crescer só o mercado, é preciso crescer a produção. O Brasil é o quarto maior mercado do mundo e o sétimo produtor. Ele acha que é preciso estar entre os cinco maiores fabricantes do mundo.

Para isso conta com o Inovar Auto, que já habilitou 40 empresas e incentivou o investimento de R$ 60 bilhões até 2017 (12 bilhões por ano, um volume nunca visto no País).

Ao reclamar da carga tributária, que segundo ele deve ser reduzida para permitir a competitividade à indústria brasileira, lembrou que o Inovar Auto prevê redução do IPI para as empresas que atingirem a eficiência energética: "os carros eficientes serão premiados com a redução do imposto". Espera-se, portanto, a redução do preço final.

Mas mais do que números, o novo presidente da Anfavea disse que pretende criar, com o governo, um canal catalisador de engenharia, para incrementar a capacidade das empresas instaladas no Brasil de desenvolver um carro de ponta a ponta.

Outro aspecto destacado por Luiz Moan foi a questão da sustentabilidade. "Não nos furtaremos de debater a mobilidade, a segurança viária, a educação no trânsito e o meio ambiente", disse.

Lembrou que o Brasil evoluiu muito na questão ambiental, especialmente com o programa do álcool combustível.

"Hoje o carro polui 29 vezes menos do que poluía há vinte anos", disse, destacando que o combustível da cana, "por sua capacidade de sequestrar carbono da atmosfera, anula totalmente a emissão de CO2 provocada pelos escapamentos dos automóveis".

O dirigente destacou também que o etanol de segunda geração vai provocar um aumento substancial de produção: um aumento de 60% usando a mesma área de plantação, pois vai utilizar os resíduos da cana para a produção de álcool.

"A Anfavea reconhece que o carro é parte do problema ambiental, mas também quer mostrar que é parte da solução", disse o novo presidente, sem, no entanto, apresentar propostas em relação à reciclagem de veículos, há muito debatida, mas que ainda está incipiente.

Ele lembrou que 85% do carro é reciclável; "faltam apenas 15%, que exige desenvolvimento de tecnologia e investimentos".

"O primeiro passo dessa batalha – disse Moan – é criar condições jurídicas para resolver o problema de carros que estão abandonados, apodrecendo nas ruas. O problema é que, para levar esses carros para reciclagem é preciso proceder a um processo judicial. Muitos carros têm dívida, em multa ou não pagamento de impostos, que superam o valor do veículo".

Luiz Moan, diretor da General Motors, substitui Cledorvino Belini, presidente da Fiat, na direção da entidade que congrega os fabricantes de veículos. Seu mandato vai até 2016.