Quebrando paradigmas: mercados tradicionais descambam e emergentes florescem

OICA – Organização Internacional de Construtores de Automóveis

— Os velhos líderes foram os que menos cresceram nos últimos sete anos 

O momento de mudanças que vive a indústria automobilística no Brasil (veja matéria) está em sintonia com as mudanças no cenário mundial, com o recrudescimento dos mercados tradicionais e o avanço dos emergentes.

Todos os grandes produtores de veículos estão perdendo espaço para os emergentes.

Você lembra como era o quadro dos maiores fabricantes do mundo em 2005?

Há apenas sete anos os Estados Unidos e o Japão estavam na ponta do ranking e a China era apenas a terceira colocada, com pouco mais de cinco milhões de unidades. Alemanha, e Reino Unido vinham a seguir, na quarta e quinta posições.

Completavam a lista dos dez maiores produtores mais três países europeus – França, Itália e Espanha. A Rússia era a nona colocada e o Brasil décimo.

Nesses sete anos houve uma reviravolta no mercado mundial. A China virou líder, passando de cinco para 19 milhões! Brasil e Índia entraram no Top Five. Alemanha, Reino Unido e França perderam posições a Rússia subiu do nono para o sétimo lugar e o Canadá entrou na lista dos dez maiores mercados. 

É clara a tendência de desconcentração das vendas de veículos no mundo, com os tradicionais grandes produtores perdendo posições e países sem tradição no setor aumentando a produção e ameaçando antigos líderes. Essa tendência vai muito além dos BRICs. Arábia Saudita, Indonésia, Tailândia e Argentina também estão entre os maiores crescimentos nos últimos anos.

Nessa classificação foram considerados apenas os países com produção anual acima das 500 mil unidades. Se incluirmos todos os 144 produtores, veremos que os maiores crescimentos vêm de países ainda mais distantes dos mercados tradicionais. E aí a América Latina se destaca, com crescimentos exponenciais em pequenos mercados, como a Bolívia, que apresentou o maior aumento de produção em todo o mundo nos últimos sete anos.

Quem ganhou, quem perdeu 

Basta verificar quais os países que cresceram acima da média e os que não acompanharam o mercado nos últimos sete anos para ter uma visão clara da queda dos mercados tradicionais e o florescimento de países que até há bem pouco tempo não tinham grande expressão no mercado mundial.

Apenas nove países (sempre considerando apenas os mercados acima de 500 mil unidades/ano) cresceram nos últimos sete anos acima da média mundial, que foi de 24,9%. Todos emergentes: os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) e mais Arábia Saudita, Argentina,

Indonésia,Tailândia e Coréia. Nenhum europeu. Nenhum mercado tradicional.

Os nove países que cresceram acima do mercado

Outros sete países (do décimo ao 16º colocado) aumentaram as vendas nominais, mas não acompanharam o crescimento do mercado. Mesmo nessa lista não há nenhum dos antigos líderes. São países como Irã, Turquia, Malásia, Austrália.
Os sete países que cresceram, mas não acompanharam o mercado

Agora observe o perfil dos países que perderam mercado nos últimos sete anos. Eles produziram em 2012 menos do que em 2005. Todos eles são grandes produtores e a maioria já figurou na lista dos dez maiores do mundo.

Nessa lista – do 17º ao 25º colocado – estão todos os europeus que há vinte anos eram os maiores fabricantes.

Os 9 países que perderam: vendem menos do que vendiam há sete anos

O mundo está mudando rapidamente tabus são derrubados e novos atores entram em cena, transformando o espetáculo.

O setor automobilístico faz parte desse processo. Quem não acompanhar o ritmo dessa caminhada vai virar pó.