Up lá!
A imprensa especializada, de uma forma geral, está usando o logotipo do novo carro da Volkswagen como se fosse o nome dele. Os departamentos de Marketing das empresas misturam logomarca com nome e o resultado é a deturpação da língua.
Assim, o Up está sendo chamado de up! (escrito assim, com letra minúscula e seguido de ponto de exclamação). O símbolo da exclamação (!) não é uma letra do nosso alfabeto, portanto não pode ser adicionado quando escrevemos o NOME do carro.
Além disso, a propaganda vai tentar fazer o consumidor brasileiro pronunciar ããp, em inglês.
Considero um erro a imprensa se submeter a essas investidas do marketing na língua. Não é a primeira vez que isso acontece e nem é só a "língua pátria" que sofre com isso.
Muitas montadoras tentaram implantar neologismos (ou invencionismo?), sendo que a maioria deles não pegou. Caso do Smart, que a Mercedes-Benz grafa em caixa baixa (smart), o Míni (que a montadora escreve em caixa alta e sem acento (MINI) ou na Changan, que tem um ridículo "A" maiúsculo no meio da palavra (ChangAn).
O iPhone e o iPad estão aí pra mostrar que essas deturpações não são exclusividade da indústria automobilística. É uma mania mundial, que precisa ser discutida.
E a pronúncia, como seria? Teria eu que falar em meu boletim na rádio ããp ponto de exclamação? Claro que vou pronunciar úpi, como manda o bom português (e como o consumidor deverá chamar o carro), assim como digo Riundai e não Rãndai, como quer a propaganda da montadora coreana.
Por que essa submissão ao marketing das empresas e à língua estrangeira? Ou melhor, submissão à língua inglesa, já que, em geral, a leitura de palavras de outros idiomas (que não o inglês) são adaptadas ao português: pronunciamos em bom português Leroi Merlin em vez do francês Leroá Merlãn e Maguinéti Marelli em vez da forma italiana Manhetti Marelli.
Faça isso com a língua inglesa: experimente pronunciar aple em vez de épol e será escorraçado.
Até as marcas chinesas têm pronúncia em inglês: Tchérri, Gíli. Rafei, Djéqui.
A língua é viva, se transforma, evolui, ganha neologismos e se diferencia, por isso que o último acordo ortográfico Brasil-Portugal é um erro, pois tenta unificar culturas distintas: se fosse assim, o espanhol, o francês, o português não existiriam: seria tudo latim.
Precisamos conter pelo menos o avanço do marketing na cultura.
Joel Leite
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.