Não basta ser barata, gasolina tem que ter qualidade
— Embora seja uma das mais baratas do mundo, gasolina brasileira tem baixa qualidade.
— Impostos e preços de combustíveis divulgados pela Consultoria UHY são contestados.
Ronaldo Ribas – engenheiro mecânico especialista em desenvolvimento de Motores
O estudo feito pela Consultoria UHY Moreira comparando os preços dos combustíveis no Brasil com outros países foi objeto de muita polêmica entre leitores e especialistas após a publicação neste blog nesta terça-feira.
Para Ronaldo Ribas, engenheiro mecânico especialista em desenvolvimento de Motores, o estudo é inadequado e equivocado, pois o combustível vendido no Brasil não pode ser comparado ao vendido na Europa.
"Que os preços na Europa são maiores que os do Brasil (e também o dos EUA, Canadá, México, Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia e Bolívia), não é novidade. A octanagem, a qualidade e o baixo teor de resíduos indesejáveis, em países como Alemanha, França, Reino Unido, Escandinávia e outros do bloco europeu, no entanto, são muito superiores à nossa gasolina.", disse o especialista.
Ele explicou que o teor de enxofre na Europa é S-10, tanto na gasolina quanto no diesel, enquanto nossa gasolina tipo C possui teores que variam de S-50 a S-800.
"O diesel vendido no Brasil passou recentemente a ter um teor S-10 e já custa 25% mais caro que o diesel S-500", disse, lembrando também que o nosso diesel tem 5% de biodiesel na mistura e vai chegar a 7% até o final do ano.
No caso da gasolina é muito pior, acha Ronaldo Ribas, por causa da adição de álcool na gasolina (25%), o que reduz o poder calorífico e consequentemente a autonomia dos motores a combustão.
Segundo o especialista, o erro do estudo feito pela UHY foi comparar combustíveis sem levar em conta o poder calorífico.
Eric Waidergon, da HHY e responsável pela pesquisa, diz que a qualidade do combustível não foi o foco do estudo, por isso não poderia levar em consideração as diferenças técnicas da gasolina existente em cada país.
Já Jailson Arcelino Pimentel – engenheiro mecânico em formação e projetista no setor de indústrias pesadas – questionou os dados referentes à carga tributária citadas no estudo da UHY, de 35,6% para a gasolina. Ele diz que outras fontes indicam impostos de 53% nesse combustível.
Eric Waidergon explicou que a pesquisa foi feita objetivando a rede de distribuição de combustível em todo o mundo e, para isso, foi estabelecido um padrão, que foi o valor do imposto na bomba, o que, segundo ele, acabou provocando essa distorção. O economista concorda, portanto, que, para o consumidor final, a carga tributária é muito maior: "chega quase a 60%", reconheceu.
"O problema – disse Eric Waidergon – é que a tributação dos bens no Brasil é muito complexa; a substituição tributária acaba provocando distorções e o consumidor nunca sabe exatamente quando está pagando de imposto. Essa complexidade existe também em outros países e por isso resolvemos padronizar levando em consideração apenas o imposto sobrado na nota fiscal no posto."
De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) a carga tributária total da gasolina é de 53%.
No comunicado onde a UHY divulgou o resultado da pesquisa, assim como a carga tributária de cada país, não havia essa explicação, o que acabou provocando o erro: o título da matéria foi substituído, na edição de ontem (17), para recompor a verdade: "O Brasil é um dos (e não é o) países com combustíveis mais baratos". Veja a matéria.
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