Tá sobrando dinheiro; só falta o acesso ao crédito
— Mudança na legislação para recuperar bem em caso de inadimplência pode aumentar vendas em 360 mil carros ainda este ano
A legislação brasileira dificulta a recuperação do bem em caso de inadimplência e por isso prejudica as vendas de carros. Se os bancos tivessem a garantia da recuperação em curto prazo poderiam proporcionar maior acesso ao crédito, o que provocaria um impacto positivo no mercado. O raciocínio é do presidente da Fenabrave, Flávio Meneguetti, que dirige o congresso da entidade em Curitiba. Ele lamentou a dificuldade do consumidor em comprar a prazo, culpou a legislação por isso. Disse, no entanto, que o governo está sensibilizado com a situação e que em breve deverá tomar medidas que proporcionem uma recuperação mais rápida do bem em caso de não pagamento.
"Não falta crédito; tá sobrando dinheiro nos bancos. O problema é que eles estão mais seletivos, exigem muitas garantias para não correr o risco de inadimplência", disse o dirigente. Ele acha que é preciso mudar a legislação para que as financeiras possam recuperar o bem mais rapidamente em caso de não pagamento. Segundo Flávio, atualmente os bancos demoram 210 dias, em média, para obter de volta o carro ou a moto. Para ele, o ideal seria reduzir esse prazo para pelo menos 60 dias. Se isso ocorrer haveria um aumento de vendas de 360 mil carros por ano. "Seria a recuperação das vendas este ano", disse o empresário, na expectativa de que as mudanças na legislação ocorram ainda este ano.
O número de contratos de financiamento de veículos vem diminuindo desde 2012, acompanhando o aumento da inadimplência, que hoje está em torno de 5%. Naquele ano foram feitos 200 mil contratos de financiamentos de veículos por mês; em 2013 esse volume caiu para 190 mil e este ano a média é de 150 mil financiamentos mensais.
Segundo Flávo Meneghetti, atualmente é muito difícil a recuperação do bem em caso de não pagamento; leva 210 dias e localiza-se apenas 15 de cada 100 carros procurados. Desses, recupera-se apenas 40% do valor financiado. Ele disse que a principal razão da recuperação do setor nos Estados Unidos após a crise de 2009 foi a "cessão de crédito para quem não tem crédito": os bancos passaram a financiar para qualquer pessoa porque tinham a garantia de que poderiam recuperar o bem em 24 horas em caso de inadimplência.
Não precisaria tanto. Se o tempo de recuperação caísse para 60 dias já seria o suficiente para estimular o mercado e ampliar as vendas de forma a "salvar" 2014, que, caso contrário (mesmo com aumento de vendas no segundo semestre), deverá fechar o ano com uma queda de vendas de 7%.
Segundo a Cetip (veja a matéria), a montadora que mais vendeu carros financiados no primeiro semestre deste ano foi a Fiat, com 514.030 unidades, seguida pela Chevrolet com 481.362 carros e a Volkswagen é a terceira com 471.957 veículos.
Joel Leite, de Curitiba
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